Cerca de 80% dos casais demoram até um ano para concretizar a gravidez. Se esse prazo já passou, avalie se é hora de recorrer aos últimos recursos da medicina.
Você e seu companheiro decidiram ter um bebê, interromperam os anticoncepcionais, passaram a ler tudo sobre o assunto e tempos depois… nem sinal de gravidez. Essa história é familiar? Especialistas em fertilidade garantem ser normal a espera. “As chances de um casal jovem, saudável, que mantém relações sexuais com frequência, engravidar gira entre 20 e 25% a cada ciclo”, explica o ginecologista e obstetra Newton Busso, fundador do Projeto Beta e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
Por isso, é natural que o exame de gravidez só dê positivo por volta de um ano após o início das tentativas. “Esse é o tempo que quase 80% dos casais levam para ter um filho. Se aumentar a espera para dois anos, o percentual sobe para 98%”, diz Gilberto Freitas, responsável pelo Setor de Reprodução Humana do Hospital Pérola Byington, em São Paulo.
Mas, no geral, quando a cegonha não vem depois de mais de 12 meses de tentativas, é sinal de que há algo errado com uma das partes envolvidas no projeto de gerar um bebê – sem falar quando o problema está nos dois protagonistas da história. “Nesse caso, o mais aconselhável é pedir ajuda a um especialista”, recomenda Freitas. Um ano tentando engravidar já é o suficiente para dar início a uma bateria de exames que diagnosticam distúrbios por trás dessa frustração.
Essa regra, no entanto, não é válida para pessoas jovens, com saúde em dia e sem histórico de cirurgia ou problemas no aparelho reprodutivo. A palavra jovem aqui merece atenção especial, principalmente no caso das mulheres. Isso porque a idade delas é um dos fatores que mais influenciam na dificuldade de ter filhos. A explicação é simples: os óvulos envelhecem com o avançar dos anos, perdendo gradativamente a capacidade reprodutiva.
“O auge da fertilidade feminina acontece entre os 18 e 20 anos”, explica o especialista em reprodução humana Paulo Olmos, do Projeto de Reprodução Humana Alfa, em São Paulo. “A partir daí, começa o declínio e, aos 35 anos, as condições para gerar um bebê decaem para 70%. Aos 38, essa porcentagem cai para 50%, chegando a 10% após os 40 anos”, finaliza.
O mesmo raciocínio também vale para as técnicas de reprodução assistida, que têm o seu sucesso atrelado às condições físicas da candidata à mãe. Dessa forma, mulheres que já estão na terceira década de vida e desejam engravidar não devem demorar em procurar o auxílio de um médico. “Se já tem ou passou dos 35 anos, bastam seis meses de tentativas naturais. Esperar além disso pode significar a diminuição nas chances de um resultado positivo em métodos como a fertilização in vitro”, diz Olmos.
Antecedentes médicos – como cirurgia para tratar endometriose nas mulheres (quando o tecido que reveste a cavidade uterina invade outras partes do corpo) e para os homens alguma operação nos testículos – podem estar diretamente relacionados a problemas de fertilidade. Quem já passou por esses procedimentos deve procurar um especialista tão logo decida encomendar um bebê.